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10 September 2025

Opinião: “Sustentabilidade para que te quero?”

Por Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da AHP E de repente, o Mundo mudou. Em setembro de 2024, Mario Draghi entregou a Ursula Von der Leyen o que “já era antes de o ser”, um famoso relatório. Nele apresentou um diagnóstico: a Europa está doente porque está a ficar para trás em termos de escala, inovação e autonomia estratégica. Uma causa: demasiada regulação, pouca inovação, lentidão burocrática, e um investimento anémico. E uma terapêutica: uma mobilização massiva de investimento (750 a 800 mil milhões por ano) e uma dieta regulatória séria. Do outro lado, a Comissão Europeia (CE), como cuidadora do doente, comprometeu-se e apresentou a “Bússola da Competitividade” e anunciou uns pacotes OMNIBUS. Nem de propósito, em novembro Trump voltou à Casa Branca e soaram as campainhas de alarme do velho continente. Donde, a CE apresentou em Fevereiro de 2025 o primeiro dos Pacotes OMNIBUS, com a promessa de tornar o quadro regulatório europeu mais leve, previsível e competitivo. Curiosamente, um esforço para limpar a casa regulatória que ela própria tem mobilado com muito zelo ao longo da última década. Não há como não o dizer: como em muitas outras matérias, a legislação europeia em matéria de sustentabilidade avançou incrivelmente depressa e sempre complicando mais e mais as obrigações de reporte das empresas. Criaram-se dezenas de iniciativas, acrónimos, diretivas, regulamentos — em silos , a precisar de guião e muitos especialistas para fazer leituras cruzadas. Mas nunca por nunca simples!. Agora, e mais uma vez (é que já houve vários “simplex”), lá se vem tentar cortar tanta palha. a legislação europeia em matéria de sustentabilidade avançou incrivelmente depressa e sempre complicando mais e mais as obrigações de reporte das empresas. Falamos, naturalmente, da necessidade – sim, necessidade- de simplificar a vida às empresas que têm de cumprir as obrigações de reporte de sustentabilidade impostas pela Directiva de Relato de Sustentabilidade Corporativa (CRSD) e pela Directiva de Diligência Devida em matéria de Sustentabilidade (CSDDD) e ainda, no campo de reporte, da alteração ao Regulamento de Taxonomia da UE (que, só pelo nome se percebe, é matéria apenas para “iniciados”). Para terem uma ideia, o objectivo é reduzir os encargos administrativos em 25% para todas as empresas e em 35% para as PME. Note-se que só da aplicação da Diretiva de Relato de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) são excluídas cerca de 80% das empresas anteriormente abrangidas. E quanto ao regulamento da Taxonomia (esse palavrão) as alterações propostas simplificam os modelos de relatos das taxonomia em quase 70% dos pontos de dados Vejam bem o que isto significa de quão absurdo era este quadro regulatório. A Europa realmente tropeça nos seus próprios pés, ou dito de outra forma, cria regulamentos sem medir previamente o impacto que pode gerar na vida, donde competitividade, das empresas. A Europa realmente tropeça nos seus próprios pés, ou dito de outra forma, cria regulamentos sem medir previamente o impacto que pode gerar na vida, donde competitividade, das empresas Para muitas empresas, especialmente pequenas e médias, são boas notícias: menos carga administrativa, menos redundância, menos energia desperdiçada em relatórios difíceis de compilar e fáceis de ignorar. De resto, vamos, reduzir a carga é indispensável, sensato e lógico. Poucas são as empresas, mesmo as bem-intencionadas, com meios e know how para responder a um quadro de reporte ESG cada vez mais complexo. Por isso o Parlamento Europeu, logo no início de Abril, deu luz verde para prossecução do primeiro pacote OMNIBUS, e o Conselho da UE em 14 de abril aprovou uma Directiva com o simpático nome “Stop the clock”, que na prática adia dois anos o prazo de reporte para as empresas que permanecem a tal obrigadas e altera o âmbito das empresas obrigadas. Mas este movimento de simplificação exige atenção — e, sobretudo, discernimento. O OMNIBUS não altera as metas ambientais ou sociais da UE. Os compromissos do Pacto Ecológico Europeu- neutralidade carbónica em 2050 e a redução de emissões em 55% até 2030- mantêm-se. O OMNIBUS não altera as metas ambientais ou sociais da UE. Os compromissos do Pacto Ecológico Europeu- neutralidade carbónica em 2050 e a redução de emissões em 55% até 2030- mantêm-se. O que está em causa é a forma como as empresas reportam a sua informação não-financeira, e a quem. Menos frequência, menos detalhe, menos abrangência: é esta a natureza da simplificação proposta. Donde: temos, simultaneamente, de rastrear o esforço europeu em razão dos objetivos do Pacto, por um lado, e, por outro, assegurar que as empresas não morrem por ter de atravessar um inferno regulatório para serem verdadeiramente (verdadeiramente, sem green washing!) sustentáveis. É aqui que o papel das empresas e dos decisores políticos se cruza. Para os reguladores, a tarefa é legislar menos e melhor. Com coerência, previsibilidade e foco no impacto. Foco! Para as empresas, é tempo de abandonar a logica do check list e integrar o quadro ESG não como uma exigência externa, mas como uma ferramenta interna de gestão de risco, reputação e competitividade. Com outra simplicidade e critérios compreensíveis. Para as empresas, é tempo de abandonar a logica do check list e integrar o quadro ESG não como uma exigência externa, mas como uma ferramenta interna de gestão de risco, reputação e competitividade Para o sector do Turismo, o caminho passa seguramente pelo investimento muito sério e focado na sustentabilidade. Como meio de fazer crescer o negócio, em resultados que se medem também pelo good will, reputação, diferenciação, cuidado da comunidade e do planeta/local (lembram-se dos fundamentais do negócio? Location! Location! Location!) PS: última mensagem: desliguem o complicómetro mas não percam o rumo. in Ambitur

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05 September 2025

Casual Friday | O Elevador da Glória

Sabemos que a vida continua e que as feridas saram, deixando cicatrizes para aprendermos também com elas. Por Lisboa, por nós, portugueses de hoje e do futuro, pelos que nos procuram e visitam, é preciso serenidade para avaliar as causas, agir com rigor e celeridade e comunicar com verdade, rigor e transparência. Não é sem custo que Lisboa é a cidade das sete bem-amadas colinas. Daí tantos e tão belos elevadores. Antes de ser um cartão-postal de Lisboa, o Elevador da Glória foi concebido como uma solução prática para vencer uma das maiores barreiras topográficas da nossa Lisboa oitocentista: a íngreme Calçada da Glória. Um entre vários elevadores, todos da autoria do muito hábil e experiente engenheiro nascido no Porto (curiosamente, filho de pai francês, também engenheiro, que trabalhou na Invicta, ligado a projetos de vias férreas e pontes, no contexto da expansão ferroviária). São então do mesmo autor a Bica, o Lavra, o Santa Justa, os entretanto desativados elevadores da Graça e da Estrela, mas também o Bom Jesus e o antigo — e muito temporário (só funcionou 3 anos) — elevador dos Guindais, no Porto. Todos foram concebidos como soluções práticas, que transformaram a mobilidade na cidade de forma suave e, hoje diríamos, “sustentável”. Obras arrojadas, belas (uma curiosidade: a cabine do elevador de Santa Justa era inicialmente iluminada por velas — uma beleza!) e, claro, atrações turísticas. Das falhas históricas à tragédia de ontem Ao longo dos anos, outras tragédias — como as ocorridas em museus, igrejas, teleféricos ou comboios turísticos — foram lembrando uma lição infelizmente repetida em várias geografias: a segurança nunca, mas nunca, é um detalhe. Aliás, recomendo que leiam a história de outro fundamental ex-libris da cidade, o Elevador de Santa Justa, e os muitos e diferentes, bem documentados, testes que se realizaram antes da sua abertura ao público, só para termos uma ideia de quão valorizada foi a segurança. E vêm-me sempre à memória os horríveis acidentes em destinos de neve, por exemplo na Áustria (em 2000, um incêndio num funicular dentro de um túnel vitimou 155 pessoas, por falhas técnicas e ausência de medidas preventivas) ou em Itália (em 2021, um teleférico caiu devido ao rompimento de um cabo e à desativação intencional dos travões de emergência, resultando em 14 mortos). Não nos consolam, de todo! Antes demonstram que o perigo pode emergir onde menos se espera — mesmo em roteiros bem conhecidos e explorados. No caso do Glória, essa lição já se tinha feito sentir em duas ocasiões. Em maio de 2018, um carro descarrilou por falta de manutenção adequada das rodas, revelando desgaste visível nos rodados — e a advertência técnica de um especialista: “Da próxima poderá não ser assim. É claro que houve aqui incúria.” Infelizmente, ontem a tragédia aconteceu com um resultado devastador. Além da terrível e inconformada tristeza pela perda de vidas, fica também uma ferida pela tragédia que vai sempre marcar a história deste nosso querido símbolo de Lisboa. “Daquilo que está por baixo. Até ao que fica no alto. Vão dois carris de metal. Na calçada de basalto.” Assim começa “O Elevador da Glória”, ícone do rock português dos anos 80 e símbolo da vida urbana lisboeta, que os Rádio Macau imortalizaram. Sabemos que a vida continua e que as feridas saram, deixando cicatrizes para aprendermos também com elas. Por Lisboa, por nós, portugueses de hoje e do futuro, pelos que nos procuram e visitam, é preciso serenidade para avaliar as causas, agir com rigor e celeridade e comunicar com verdade e transparência. Portugal é, e continua a ser, um destino seguro, moderno e com as melhores práticas. A confiança dos visitantes em Lisboa e em Portugal não será, por isso, abalada. E os profissionais do turismo português — e os lisboetas — são pessoas resilientes e acolhedoras que saberão, também agora, responder com responsabilidade e esperança. PS: não era este o artigo que tinha preparado para esta primeira Casual Friday de setembro. Aliás, ia fechar o ciclo AC/DC. Mas esta tragédia atropelou-nos. E interpelou-me. Por Cristina Siza Vieira É Vice-Presidente Executiva da Associação da Hotelaria de Portugal e uma das vozes mais influentes no setor turístico nacional. Todas as primeiras sextas-feiras de cada mês, Cristina Siza Vieira assina a coluna de opinião ‘Casual Friday’, trazendo a sua visão sobre os principais temas do setor do turismo e da hotelaria. in TNews

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04 September 2025

Nota de pesar | Elevador da Glória

A AHP manifesta o seu profundo pesar e junta-se no luto e dor pelo trágico acidente ocorrido hoje no Elevador da Glória, em Lisboa. Endereçamos sentidas condolências às famílias das vítimas e votos de rápida recuperação aos feridos, expressando solidariedade a todos os envolvidos.

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02 September 2025

Madrid proíbe AL em edifícios residenciais no centro histórico

O novo Plano Residencial de Madrid já foi publicado no Diário Oficial da Comunidade e deve entrar em vigor nos próximos dias, eliminando a possibilidade de obtenção de licenças para apartamentos turísticos em edifícios residenciais no centro histórico da cidade, entre outras medidas. A Comunidade de Madrid, em Espanha, aprovou uma alteração ao Plano Geral de Ordenamento Urbano da cidade, que prevê a entrada em vigo do Plano Residencial, de acordo com o qual passa a ser proibido operar unidades de alojamento local em edifícios residenciais, assim como transformar lojas comerciais em apartamentos turísticos. Segundo o HostelTur, este Plano Residencial já foi publicado no Diário Oficial da Comunidade e deve entrar em vigor nos próximos dias, eliminando a possibilidade de obtenção de licenças para apartamentos turísticos em edifícios residenciais no centro histórico, com exceção dos quarteirões que já sejam inteiramente dedicados a essa atividade. De acordo com a publicação espanhola dedicada ao turismo, este novo plano vem substituir o anterior, que datava de 2019 e dá maior destaque ao centro histórico da cidade, onde o alojamento local mais tem crescido, reduzindo os apartamentos disponíveis para habitação. Entre as principais alterações está o facto de, no centro da cidade, passar a ser proibido a existência de alojamento local em prédios residenciais, algo que passa apenas a ser permitido em zonas menos congestionadas da cidade ou em edificios que sejam inteiramente dedicados a este fim, num prazo máximo de 15 anos. O HostelTur diz que esta medida visa evitar que a atividade turística reduza ainda mais o número de apartamentos disponíveis para fins residenciais, até porque, segundo dados da autarquia de Madrid, das 17.360 unidades de alojamento local contabilizadas na capital espanhola, 92,7% funcionam em apartamentos, ainda que apenas 7,45% possuam licença municipal para essa finalidade. A medida é, contudo, limitada ao centro histórico de Madrid, uma vez que a autarquia pretende incentivar a descentralização da atividade turística a outras zonas da cidade, ainda que, nestes casos, os apartamentos turísticos que se localizem em prédios residenciais devam contar com entrada independente, numa alteração que foi acolhida após consulta popular. O novo Plano Residencial de Madrid pretende aumentar o número de fogos disponíveis para habitação na capital espanhola e, por isso, contempla também incentivos para a conversão de edificios de escritórios em residenciais. No centro da cidade, fica ainda impedida a conversão de espaços comeciais em habitacionais, numa medida que visa inverter a tendência que se regista desde 2015 e que já levou à transformação de 3.306 estabelecimentos comeciais em habitacionais. O HostelTur diz que o objetivo é proteger a qualidade de vida dos residentes da cidade sem prejudicar o desenvolvimento económico, motivo pelo qual este plano aposta num modelo em que os apartamentos turísticos coexistem com outros tipos de alojamento, salvaguardando simultaneamente os residentes dos efeitos da partilha de espaço no mesmo edifício. O novo plano visa também um reforço da fiscalização com vista à deteção de alojamentos turísticos ilegais, cujas multas já tinham sido aumentadas na anterior revisão deste plano. in Publituris

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