Mensagem do Presidente
O ano de 2022 tem sido um ano excecional na recuperação da confiança dos nossos clientes. Portugal liderará aliás o crescimento económico na União Europeia, tendo esse crescimento uma clara impressão digital: o turismo como mola impulsionadora dessa recuperação.
Mas não nos iludamos: os anos da pandemia fizeram-nos recuar 20 anos em termos de dormidas e 10 anos em termos de proveitos. E se estamos a bater recordes de receita em 2022, realisticamente, a guerra na Ucrânia trouxe um grau de incerteza tal na construção da cadeia de valor do turismo, que não nos permite dizer qual o nível de resultados que teremos em 2022. Tudo está mais caro. O custo da mão de obra, a eletricidade e o gás, a cadeia alimentar, as diversas prestações de serviço.
A autonomia financeira das empresas hoteleiras degradou-se durante a pandemia. As linhas de crédito de apoio foram importantes, mas caminham para a sua maturidade. Com a incerteza resultante da guerra na Ucrânia, com a incerteza que resulta da nova ordem mundial, das cadeias de distribuição destruídas, a tesouraria futura é uma incógnita. Precisamos de ver alargadas as maturidades das linhas de crédito e premiados projetos em função de metas realizadas.
A hotelaria como sabemos é também uma atividade de mão-de-obra intensiva. Não sendo um problema originário de Portugal – é um tema em todo o lado – a verdade é que no nosso país com uma situação de quase pleno emprego – são mais de 170.000 registos na segurança social – durante a pandemia perdemos 45.000 ativos no setor do turismo. Da recuperação mais rápida do que prevíamos em 2022, resultou também uma qualidade de serviço pior. Tenhamos todos essa consciência.
E estamos todos, todos os nossos associados a trabalhar. Os estudos apontam aliás para a liderança no crescimento dos salários no turismo quando comparados com a restante economia portuguesa. Estamos a trabalhar entre todos os presentes num novo paradigma de prestação de serviço que confira outro tipo de regalias aos nossos colaboradores. Ainda assim, num contexto de verdade e transparência, um hotel é o que sabemos. Estamos abertos 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano…
Sabemos que para repor esta força de trabalho perdida não nos bastamos a nós próprios. Foi por isso que apoiamos a celebração do acordo com a CPLP. Trazer cidadãos do espaço da lusofonia para trabalharem em Portugal. E, sim, num processo desburocratizado e simples. O tempo da política tem de se aproximar das necessidades da economia.
Bernardo Trindade
Presidente da AHP