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03 March 2022

Conselheira Ambitur: “Acreditamos que no verão já tenhamos resultados próximos de 2019”

Ambitur volta a abordar os seus Conselheiros numa tentativa de perceber qual o atual momento do setor do turismo em Portugal e o que podemos esperar deste ano e de uma retoma iminente. Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da AHP – Associação da Hotelaria de Portugal, deixa-nos a sua visão enquanto Conselheira Ambitur. 2022 e os seus primeiros indicadores permitem indiciar uma retoma turística sustentada para breve? Que espécie de retoma considera que se vai verificar? Quais as condicionantes que poderão acelerar a mesma? Ora bem, até à passada semana prevíamos que a retoma se iniciasse já em março, com a Páscoa a ser um momento muito importante. Pela procura por Portugal a que vamos assistindo, e o levantamento total das restrições que a COVID impôs, acreditamos que no verão já tenhamos resultados próximos de 2019. Todavia, temos agora um elemento novo, depois da pandemia, que é a guerra na Ucrânia que, à partida, sabemos que poderá trazer consequências para o Turismo. Mas ainda não sabemos que impacto exatamente. temos agora um elemento novo, depois da pandemia, que é a guerra na Ucrânia que, à partida, sabemos que poderá trazer consequências para o Turismo. Mas ainda não sabemos que impacto exatamente. Recursos humanos e aumento de custos de contexto serão os principais problemas no setor para 2022? Que novos desafios se antecipam ou que outros que se podem acentuar? A par desses problemas já identificados, no momento presente a guerra na Ucrânia é uma nova incógnita com a qual não estávamos a contar e que vai trazer grandes impactos à economia mundial, europeia e, consequentemente, à de Portugal. Para já, sabemos que esta guerra levará a um crescimento ainda maior da inflação, bem como, do ponto de vista estritamente turístico, a uma possível maior dificuldade no imediato nas ligações aéreas entre a Europa, a Ásia e as Américas. Numa altura de mudança de ciclo político, é necessário um novo fôlego para uma estratégia de turismo para o país? Ou apenas limar o trabalho que tem sido feito ao nível institucional e privado? O turismo tem uma estratégia que está a ser implementada e cumprida, apesar das adversidades. Tem havido um grande trabalho conjunto entre os organismos oficiais e o setor privado que estou em crer permitirá continuar a afirmação de Portugal como destino turístico ímpar e com cada vez maior peso a nível internacional. É certo, ainda assim, que há decisões estratégicas que têm de ser tomadas, de que é exemplo a relativa ao novo aeroporto para a região de Lisboa. Como é possível trazermos uma maior inovação e mais sustentabilidade à atividade turística nacional? É preciso garantir e reforçar os apoios aos privados. A pandemia afetou, em grande escala, a tesouraria das empresas turísticas, pelo que sem apoios não será possível inovar. É essencial ter mais informação sobre o apoio ao investimento já para os anos 2022/23, no âmbito do PRR (e depois do PT 2030). Quanto ao PRR, foram reportados os Eixos Macro de Investimento e Dotações, mas falta uma definição mais operacional e calendarizada, e a concretização tangível em vários temas e subtemas essenciais para as Empresas. Por isso, a medida a tomar será definir calendarização concreta, critérios, tipologias, % de financiamento, % de apoio, necessidades técnicas, dotação por entidade/projeto, etc., para implementação, para já, do PRR, depois do PT 2030, nas áreas com maior elegibilidade para o Turismo/Hotelaria (que não são diretamente contemplados no PRR, como sabemos) e investimento ou requalificação de ativos com vista, designadamente, à concretização dos eixos relacionados com Sustentabilidade, Eficiência Energética e Digitalização. in Ambitur

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28 February 2022

AHP condecorada como Membro Honorário da Ordem do Mérito Empresarial

A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) foi na passada quarta-feira, 23 de fevereiro, condecorada como “Membro Honorário da Ordem do Mérito Empresarial – Classe do Mérito Comercial”, reconhecimento que foi entregue à associação pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Numa nota informativa enviada à imprensa, a AHP explica que esta condecoração “visa distinguir quem tenha prestado serviços relevantes no fomento ou na valorização de um setor económico” e já tinha sido prometida pelo Presidente da República durante o último Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, que a associação organizou em novembro, em Albufeira, “É uma honra e um orgulho para a nossa associação receber esta condecoração pelas mãos do senhor Presidente da República, que tem estado sempre atento ao trabalho desenvolvido pela AHP ao longo dos últimos anos e, mais do que atento, tem estado connosco nos momentos mais importantes. Esta distinção vem reconhecer todo o trabalho que, desde sempre, temos prosseguido em prol do Turismo e da Hotelaria”, considera Raul Martins, presidente da AHP, que recebeu a condecoração. Já Cristina Siza Vieira, CEO da AHP, destaca a importância das palavras de Marcelo Rebelo de Sousa que, segundo a responsável, dão à associação “alento para continuar no bom caminho”. “Por um lado porque, como recordou, desde muito cedo que a AHP iniciou um extenso e profícuo trabalho no âmbito da Responsabilidade Social Corporativa (Programa HOSPES), por outro, porque nos dá como exemplo pelo que fizemos nestes anos dificílimos, em que estivemos sempre ao serviço, sem nunca baixar os braços”, acrescenta Cristina Siza Vieira. Além de Marcelo Rebelo de Sousa, a cerimónia de condecoração da AHP contou com a presença de Raul Martins e Cristina Siza Vieira, assim como de Vítor Paranhos Pereira, presidente da mesa da Assembleia Geral da associação, e Jorge Heleno, vice-presidente do Conselho Fiscal da AHP. in Publituris

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17 February 2022

Hotelaria acredita atingir no Verão taxas de ocupação pré-pandemia

Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) acredita que o alívio das restrições associadas à pandemia terá um impacto "muito positivo" no turismo e admite ser possível atingir no Verão níveis de taxa de ocupação anteriores à pandemia.    "Estamos muito otimistas com a retoma", afirmou a presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, em declarações à Lusa, numa reação ao alívio das restrições associadas à covid-19 hoje aprovadas em Conselho de Ministros.    Para Cristina Siza Vieira, a eliminação de restrições e "a grande busca pelas viagens aéreas e pelo destino Portugal" vão ser "muito positivas para o turismo".    A expectativa da AHP é de que "já se consiga no Verão atingir os níveis de 2019 em termos de taxa de ocupação e procura por Portugal" e que na Páscoa se assista já "a uma retoma no setor mais robusta".    O Conselho de Ministros aprovou hoje o fim do confinamento de contactos de risco, da recomendação de teletrabalho e dos limites de lotação em estabelecimentos comerciais bem como da exigência de certificado digital, salvo no controlo de fronteiras.    Foi também eliminada a exigência de teste negativo para acesso a grandes eventos, recintos desportivos e bares e discotecas.    A covid-19 provocou pelo menos 5.848.104 mortos em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.    Em Portugal, desde março de 2020, morreram 20.708 pessoas e foram contabilizados 3.148.387 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.    A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.    A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante no mundo desde que foi detetada pela primeira vez, em novembro, na África do Sul. in Notícias ao Minuto, via Lusa

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16 February 2022

“Mais do que fidelizar o turista, temos de fidelizar colaboradores”, diz Luís Araújo

Mais do que o digital ou a sustentabilidade, é nas pessoas que Luís Araújo considera que reside o maior desafio do turismo. Para o presidente do Turismo de Portugal há que trabalhar seriamente na retenção dos colaboradores e tornar o setor mais atrativo para que não acelere a fuga impulsionada pela pandemia. Para mais que, estima-se, faltem mais de 40 mil trabalhadores para suprir as necessidades e ambições de crescimento de um setor que, até 2027, quer gerar 27 mil milhões de euros de receita para o país.     Para o setor, Luís Araújo tem também uma ambição: “Gostaria que fossemos um benchmark do ponto de vista de igualdade e inclusão. E temos trabalho a fazer. Não é normal que mais de 60% das pessoas que trabalham no setor sejam mulheres, mas continuamos a ter dificuldade em encontrar mulheres CEO.”     Está em funções até 2026, um ano antes da conclusão da Estratégia Turismo 2027. É tempo suficiente para garantir a sua aplicação?     Quando tudo isto (a pandemia) começou fomos ao plano (feito em 2017) e percebemos que dá todas as respostas para a situação durante a pandemia, mas também para todos os desafios no pós-pandemia. Responde ao que o país e o setor precisam e vai ser concretizado comigo ou sem mim, é um plano muito maior do que qualquer mandato. É para cumprir.     E quais as prioridades para este ano? 80% das medidas do plano Reativar o Turismo estão em marcha.     O plano Reativar o Turismo e Construir o Futuro foi feito numa ótica de acelerar a retoma e o crescimento, mas principalmente aproveitar esta ocasião para construir um futuro mais direcionado à Estratégia 2027. Lançado em maio, o plano de 6 mil milhões de euros tem três pilares direcionados à pandemia e um quarto, para a construção do futuro, a médio e longo prazo.     Tem a grande vantagem de pensar o país de forma global, com as especificidades de cada região. Vai ser uma das grandes âncoras para atingirmos os objetivos da Estratégia 2027. Estamos a focar no apoio às empresas – cerca de 60% do plano, 4 mil milhões de euros –, na segurança, com o Clean & Safe, e no gerar negócio. Foi a prioridade em 2021 e será neste ano. O Construir o Futuro será a médio e longo prazo. Neste, o digital, a sustentabilidade ambiental e social e as pessoas são a grande prioridade este ano.     O que aprendeu o turismo com a pandemia? Parecia haver muito foco na quantidade, gerando mal-estar, com os residentes em Lisboa, por exemplo, a queixarem-se de excesso de visitantes. É altura de dar a volta ao turismo que visita o país?     Não, até porque não concordo com isso. A quebra em 2020 mostra-nos que recuamos 26 anos nas dormidas, mas apenas 10 anos em receitas. O que demonstra que a teoria de que estávamos a ter um turismo de massas não é assim. Estávamos a conseguir mais receitas, com menos turistas, menos dormidas. Queremos continuar este crescimento da receita, dar mais valor a quem nos visita, com menos hóspedes e estadias.     A segunda grande lição é que, ao mesmo tempo que este é um setor estruturalmente forte – somos um destino reconhecido, temos empresas há muitas décadas no setor, marcas reconhecidas internacionalmente –, temos esta fragilidade de sermos os mais prejudicados quando uma pandemia, um desastre natural ou atentado terrorista acontecem. Temos de torná-lo ainda mais resiliente.     A terceira, e mais importante, é percebermos que na adversidade juntamo-nos todos. Houve união, muitas oportunidades de negócio, sinergias que se criaram entre empresas de vários setores ou até dentro do turismo, com um foco na tecnologia, muito positivo.     E o alojamento local? O antigo presidente da Câmara de Lisboa não mostrava muito entusiasmo com os Airbnb, já Moedas diz gostar muito. E o presidente do Turismo de Portugal, do que gosta?     Eu gosto do turismo.     Mas gosta do alojamento local ou sente que houve um descontrolo no país e nas grandes cidades, em particular?     De todo. Esse assunto há muito que não me é colocado, mas sim a falta de trabalho, de rendimento que têm das casas que tinham arrendadas no Airbnb ou no alojamento local (AL) nos grandes centros urbanos. O que tivemos nos grandes centros urbanos de segurança, de recuperação de património, de melhoria da programação e da animação da cidade, de criação de novos negócios foi graças ao turismo. E quando falamos de turismo falamos de hotelaria, restauração, animação, agentes de viagens, rent-a-car e do AL... É importante este ecossistema estar vivo e de boa saúde.     Não significa que não haja questões a serem corrigidas, acauteladas e coordenadas, da comunicação, à gestão da cidade. O sistema de recolha de lixo, por exemplo, tem de ter em conta não só as pessoas que vivem na cidade, como as que ficam pouco tempo. Há belíssimos exemplos em todo o mundo de como se conseguiram esses equilíbrios em outras cidades. É uma questão de fazer o benchmark e aproveitá-lo. Respondendo à pergunta, se sou o 8 ou o 80 fico-me nos 40. E atenção, há muito AL no interior do país, em pequenas aldeias e muitas famílias que vivem do AL.     Um estudo da Airbnb aponta para um crescimento do arrendamento em AL no interior. É para ficar ou efeito imediato da pandemia?     Veio para ficar pela simples razão que percebemos como é bom aproveitar outro tipo de experiências, sobretudo nos dias que correm em que tudo é mais veloz. É uma tendência de futuro, não é temporária. Não significa que substitua uma por outra, vai haver um equilíbrio.     “You Can’t Skip Portugal” vendeu o país lá fora. Como é que se vende agora nas atuais circunstâncias?     Essa campanha foi lançada em 2018, não para promover Portugal enquanto destino de grande gastronomia, paisagens maravilhosas e praias únicas, mas numa ótica do ‘não interessa o que queres da vida, do que gostas, temos a resposta e estamos aqui para te receber’. Teve sucesso por isso mesmo, era uma tónica muito pessoal. A pandemia trouxe-nos “You Can’t Skip Hope” – em que dissemos que era altura de parar e refletir – e a nossa comunicação evoluiu ao longo da pandemia.     Começamos a trabalhar em ligações a Portugal, aos nossos valores, ancorado numa perspetiva de visita presente ou futura. Daí a campanha do turismo literário e substituirmos o “Visit Portugal” pelo “Read Portugal”, em que promovemos o país através dos roteiros e o descritivo que autores, portugueses ou estrangeiros, fazem sobre Portugal. O turismo literário é hoje uma grande âncora, permitindo-nos alcançar um segmento mais elevado. Fizemos isso com o enoturismo, estamos a fazer com o turismo religioso. Ao nível da comunicação estamos a dizer que é a altura de começar a viajar, com segurança. Sermos um dos países mais vacinados do mundo é muito positivo e os mercados olham-nos com essa confiança.     Mas também começamos o ano em “contenção” e quem chegava tinha de fazer teste.     Não vamos ocultar que era preciso teste, como é óbvio, mas continuamos a ser o país com maior taxa de vacinação, não temos nenhum equipamento fechado, o clima continua igual, os museus visitáveis, com regras e protocolos que têm de ser seguidos por nacionais e estrangeiros, e isso transmite segurança a quem visita. A marca global Portugal é hoje muito forte e não só como destino, muito ancorada nas soft skills, nas pessoas, na autenticidade, na simpatia, na disponibilidade. É importante, obviamente, para o setor, porque dá-nos muito capital positivo para o futuro, mas para todas as outras atividades. Acredito que, com base neste capital, nesta comunicação transparente, seja uma     situação transitória. Os turistas vão avaliar se, ainda assim, vale a pena fazer o teste. Portugal está a ser procurado por pessoas que percebem o valor que Portugal tem.     Os passageiros aéreos caíram na ordem dos 30%. É recuperável em 2022? Ou potenciais futuros bloqueios no Reino Unido, Alemanha...     Outra das lições da pandemia é que despertamos a atenção para muitas situações junto das companhias aéreas que agora olham para nós de forma diferente. Dou-lhe exemplos. A Ryanair anunciou a base da Madeira, com 10 destinos, aumentando a disponibilidade da Madeira em 20% a partir deste ano, trazendo clientes mais diretos. Estávamos há quatro anos a trabalhar, insistentemente.     A Iberia vai permitir que passageiros do México ou da Colômbia, com quem não temos ligações, que queiram fazer um stopover em Lisboa ou Porto o possam fazer. Estamos a aproveitar o hub de Madrid para isto. A Easyjet com o reforço da base do Algarve, os Açores com as novas rotas da Lufthansa e da British Airways... Estamos estruturalmente muito fortes porque temos esta capacidade de conquistar outras empresas, mercados e públicos. A programação das companhias aéreas para o próximo inverno está entre os 80% e os 90% de 2019, até abril de 2022. Agora está tudo muito dependente da situação dos países, do crescimento dos casos no norte da Europa, a incógnita do Reino Unido... Tem tudo a ver com a esquizofrenia da situação e com a falta de velocidade na tomada de decisões. Sempre dissemos que deve ser um risco pessoa e não país.     Preocupa-o a perda de slots prevista no plano de reestruturação da TAP?     Quando temos uma companhia responsável por um terço das pessoas que vêm para Portugal, obviamente, é uma preocupação. Trabalhamos com todas as companhias, mas também temos trabalhado muito com a TAP nessa área. Não vou entrar em questões de reestruturação, o importante é percebermos que a nossa competitividade depende também da TAP. Se não tivéssemos TAP vinha outra? Não faço ideia, é com o que tenho agora que trabalho. Preciso de pessoas agora e não daqui a três anos, não acumulamos inventário, uma noite que passa e os quartos nos hotéis não estão ocupados é uma noite perdida. Interessa-nos as companhias que trazem negócios para Portugal. Um voo Lisboa Cancun, claramente, não é um negócio que me interessa.     A Ryanair acusa a TAP de não usar os slots e com isso prejudicar o país.     Temos de maximizar a operação com o que temos. Já agora a Ryanair teve no mercado português os maiores ganhos de qualquer mercado para onde voa. Portugal acrescenta valor às companhias e isto tem de ser dito. Sem entrar em questões entre companhias, o que defendemos é que temos de trazer o máximo de companhias e diversificar o máximo de mercados para Portugal, para os cinco aeroportos.     O responsável da ANA diz que nem daqui a dez anos haverá novo aeroporto em Lisboa. Vai ter um novo antes do fim do seu mandato?     Não sei. Um aeroporto é importante e, sem dúvida, precisamos de um novo para crescermos mais, até porque a atratividade de Portugal vai crescer e a de Lisboa, em particular, crescer muito mais. Temos objetivos de até 2027 chegar a 27 mil milhões de euros de receita no turismo, estamos em 18,4 mil milhões, dados de 2019. Mas são receitas, não passageiros desembarcados, não focamos, por uma questão de sustentabilidade, de consideração com o território, em trazer mais pessoas, mas gerar mais receita. Isso tem de ficar claro.     Confunde-se a existência do aeroporto e o desembarque de passageiros em Lisboa com o crescimento das receitas em todo o país. São coisas completamente diferentes. Resolver o aeroporto é preciso e podíamos crescer mais, principalmente em Lisboa. Acredito que conseguimos atingir os 27 mil milhões de euros de receita, porque ainda há espaço para crescer nos outros aeroportos – veja-se a Madeira –, a sazonalidade em determinadas regiões do país, a diária, a estadia média, diferentes mercados que tragam mais valor, do efeito de arrasto em outras atividades.     Antecipa só para 2023 o regresso a valores pré-pandemia.     Em 2023 temos o mesmo indicador de 2019. Se conseguirmos que estes 80%-90% de capacidade de reposta no inverno, face a 2019, se mantenha e seja positivo, se calhar ainda conseguimos antecipar. Crescemos em 60% as receitas entre 2015-2019. Há margem para crescer.     Assumindo que os visitantes vêm, quem os recebe? Faltam chefes de cozinha, rececionistas...     É o grande desafio para o futuro. Não é o digital, não é o verde, a aposta nas pessoas tem de ser o essencial. Sentíamos antes da pandemia uma procura do setor difícil de satisfazer, agudizou-se ainda mais. Queremos crescer em receita, mas também temos de crescer em turistas e hóspedes, não é com os mesmos hóspedes que fazemos o dobro da omelete. Há três coisas essenciais, que tocam toda a Europa. Uma é demográfica, estamos a envelhecer, temos de ir buscar pessoas a outros lados. A segunda é formação, o setor precisa de reforçar a qualificação: à volta de 57% das pessoas que trabalham em turismo têm o ensino básico, nove anos de escolaridade. E isto tem de ser corrigido. O terceiro elemento é a atratividade do setor. É uma maratona, um trabalho de sacrifício, com horários diferentes de outras atividades, com épocas do ano em que as pessoas não estão com a família para servir terceiros. Quanto a ir buscar pessoas a outros países, é importante perceber onde as vamos buscar e como é que as trazemos.     O presidente da Associação da Hotelaria de Portugal fala em Cabo Verde e Filipinas.     Não vou referir os países, também podem ser de Espanha.     Mas defende a ideia de que é preciso importar pessoal? A Vila Galé fala em ir buscar ao Brasil.     E porque não a Alemanha? E porque não trazermos pessoas dentro da UE para trabalhar no turismo em Portugal? Temos sempre de pensar quando falamos em recursos humanos nestas três componentes: demográfica, atratividade e formação. Podemos trazer pessoas de países com mais mão de obra disponível, mas esquecemos que, se tivermos um setor atrativo, se calhar podemos trazê-las de qualquer parte do mundo. Chamadas de atenção para apenas uma componente de um problema gera incompreensão. Atrairmos pessoas de outros países para estudarem em Portugal, formarem-se e ficarem cá, é o que temos de fazer.     A segunda questão é a formação. É importantíssima a todo os níveis da cadeia de valor do turismo, desde aos cargos executivos – temos o programa “Best” – à formação online – lançamos a Academia Digital do Turismo de Portugal, formamos mais de 160 mil pessoas no último ano – passando pela formação mais próxima – multiplicamos as 12 escolas do Turismo de Portugal por mais 36 municípios com um plano de formação específico para aquela região e município –; o upgrade sustentabilidade e o digital para os colaboradores do setor. Quanto menos formação tivermos, menos atrativa é a nossa colaboração para o setor. Temos de valorizar o nosso passe para garantir que somos mais procurados e que podemos pedir mais relativamente ao que fazemos.     Um estudo da Hays aponta elevadas expectativas de recrutamento em 2022, mas colaboradores menos dispostos a mudar de emprego, exceto no turismo. Aqui não faltam pessoas a quererem sair.     O setor precisa reforçar a atratividade. Neste momento, mais do que fidelizar o turista, temos de fidelizar colaboradores. E a componente de gestão de fidelização do cliente interno é muito difícil, em qualquer empresa. Reforçar a atratividade do setor, obviamente é uma questão salarial, mas é também a das componentes à volta da oferta de valor de uma empresa a um colaborador. E tem muito a ver com a perceção que temos das funções, que têm de ser valorizadas, reconhecidas.     Não temos tido dificuldade em preencher cursos para chefe de cozinha, mas temos tido muita dificuldade para chefe de sala, empregado de bar ou de quartos.     Não têm o élan das estrelas Michelin.     Exatamente. Um aluno quando entra numa escola para chefe de cozinha tem uma perspetiva de crescimento, uma pessoa que entra como chefe de sala ou empregado de mesa não tem essa perspetiva de plano de carreira. Muito do que está a ser feito aqui é nesse caminho. Juntamos (na formação) tanto o digital, a tecnologia e as soft skills com estas áreas mais direcionadas ao serviço, porque é uma maneira de os alunos perceberem que há um conjunto de oportunidades muito maiores do que aquelas que estão no simples título empregado de mesa.     Portugal não é caso único. Nas maiores escolas de hotelaria tradicional em todo o mundo, os alunos saem e vão trabalhar para multinacionais, para áreas de serviços, comerciais, porque aprenderam tudo o que têm de aprender a nível de soft skills, de lidar com o outro, e as grandes multinacionais já se aperceberam que lhes interessa numa ótica de venda. Se fosse de uma consultora estaria claramente a olhar para as áreas de serviço e para as escolas de hotelaria e turismo.     É mais difícil resistir à atração da consultadoria.     Mas qual é a evolução que um consultor tem ao longo da vida? Que plano de carreira tem? Se um chefe de cozinha apostar na formação, tiver capacidades, quiser seguir a carreira, a velocidade de progressão de carreira é muito maior do que em muitas outras atividades de serviços aparentemente mais sexy. Mostrar essa atratividade faz-se através de comunicação, informação, de muita formação em recursos humanos para os executivos das empresas. Lançamos o programa Empresas de Turismo 360º, com foco nas ESG, para que as empresas percebam que sustentabilidade não é só crescimento económico e financeiro, a proteção do planeta, é também a preocupação com as pessoas.     A atratividade é feita com a variante salarial, benefícios, plano de carreira, tornar mais sexy o percurso no setor e percebermos quem temos à nossa frente. Um jovem de 20 anos tem necessidades diferentes de uma pessoa de 50. Para um jovem de 20 anos se o pacote de benefícios incluir uma ou duas viagens internacionais, um telemóvel e uma bicicleta, se calhar é um benefício valorizado e que o retém.     Mais do que nos salários é nos benefícios que as empresas têm de apostar?     O salário é importantíssimo, mas o que digo é que temos empresas que não têm estas preocupações, conseguem fidelizar os clientes internos, que têm equipas constituídas há anos e que prestam um belíssimo serviço.     Voltando um pouco atrás, importar pessoal de geografias menos preparadas não é replicar um modelo que já deu para perceber que não funciona, que havendo um embate as pessoas fogem?     Quando fazemos isso temos de ter a responsabilidade de, primeiro perceber que não é uma ‘coisa descartável’; e segundo, passar a essas pessoas os nossos princípios, valores, a experiência que Portugal dá. E por mais que me digam que há funções em que não há interação com pessoas ou são puramente técnicas, mesmo essas têm de ter essa preocupação. A atratividade também se vê no plano de carreira que se faz.     A formação tem de ser win-win: uma formação para benefício da empresa, mas com base nas necessidades e na perspetiva de progressão daquela pessoa. Na maior parte das vezes não fazemos isso. O turismo é um dos setores onde a mão de obra é mais jovem e onde o empreendedorismo é maior, 22% vs a média nacional de 17%. É o crescer focando nas pessoas que vai gerar mais contributo positivo para a atividade turística. Temos de pensar muito no que o outro precisa, o meu colaborador, mesmo que tenha mil, e garantir que o mantenho. Se calhar, pensando mais no que precisa, consigo mantê-lo mais facilmente.     Que desafios gostaria de ver resolvidos até ao final do mandato?     Os desafios não são meus, são de todos. Na componente dos RH é difícil ter uma quantificação, mas se conseguíssemos trazer este win-win entre empresas e colaboradores seria um grande ganho. Gostaria que fossemos um benchmark do ponto de vista de igualdade e inclusão, o turismo pode ser o chefe de fila desta mensagem e desta missão. E temos trabalho a fazer.     Não é normal que mais de 60% das pessoas que trabalham no setor sejam mulheres, mas continuamos a ter dificuldade em encontrar mulheres CEO, em cargos executivos ou como dirigentes de associações.     Um terceiro desafio, será as pessoas reconhecerem e aceitarem que este setor não aparece por acaso e tem muito mais a dar ao país do que os 27 mil milhões de receita que vai dar em 2027, com o efeito de arrastamento no resto da economia, no posicionamento do país, na marca Portugal. in MSN, via ECO

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