Hoteleiros portugueses indicam cada vez mais Brexit como constrangimento
A saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) é cada vez mais apontada como constrangimento à sustentabilidade/crescimento dos hotéis, segundo um inquérito a profissionais do sector, que também destacam Setembro como o mês forte do ano.
Os dados constam do inquérito da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) aos seus associados sobre balanço de 2018 e perspectivas para 2019, um documento hoje apresentado, em Lisboa, aos jornalistas.
Se, em 2017, um total de 6% dos hoteleiros elencava o Brexit como uma das ''ameaças''para 2018, este ano a decisão tomada em referendo pelos britânicos foi referida por 18%, destacou a directora executiva da AHP, Cristina Siza Vieira.
Continuar a ler
Depois de no balanço deste ano os hoteleiros que responderam indicarem que, pela primeira vez, houve mais hóspedes nacionais do que britânicos no Algarve, para 2019 esperam-se inversões do ''domínio''de turistas do Reino Unido noutras zonas. A subida em termos de portugueses clientes do sector hoteleiro "é um claro sinal de maior disponibilidade financeira" e de que o reforço pelas escolhas do Norte e Centro também mostram os resultados de uma "promoção muito forte". Para a quadra festiva que se aproxima, foi notada uma novidade, face à perspectiva de o Brasil ser a terceira nacionalidade mais representada entre os turistas (quinta no ano passado) e os britânicos serem a sexta (terceiros em 2017). No top para Natal e passagem de ano continuam a liderar portugueses e espanhóis. Quanto ao pódio de melhores meses para os hotéis, Setembro passou a ter a liderança nas perspectivas de 2019, assim como no balanço deste ano, no inquérito feito entre 20 de Novembro e 11 de Dezembro. A''prata'' ficou com Agosto e o ''bronze''com Julho. Aos jornalistas a responsável notou ainda, com base nas respostas obtidas, a mudança na escolha de melhores segmentos, na antecipação do próximo ano, já que o MICE [ Meetings (Encontros), Incentives (Incentivos), Conferences (Conferências) and Exhibitions (Feiras)] deixou de constar e surge agora nas oportunidades, ao lado do Turismo Sénior. Para 2019, os turistas nacionais devem continuar a crescer, assim como se destacarão, novamente, visitantes oriundos de Espanha e de França. Em termos de oportunidades, os hoteleiros enumeraram os mercados dos Estados Unidos, China e Brasil, fazendo quase decalque das apostas futuras em rotas aéreas, que incluem Estados Unidos, Canadá e China. O inquérito revelou ainda menos optimismo em relação ao crescimento de receitas, um "abrandamento claro" na evolução das taxas de ocupação e a estagnação já existente em termos de variação de estada média, segundo a responsável. Nos dados consolidados de Janeiro a Outubro do barómetro da AHP, destaca-se a diminuição de 1,3 pontos percentuais (p.p.) na taxa de ocupação, para 73%, e aumentos nas receitas - 7% no preço médio por quarto ocupado para 97 euros e 5% no preço médio por quarto disponível para 71 euros. Nestes registos, os britânicos lideravam os tops das dormidas internacionais e de hóspedes internacionais. A directora executiva deu nota ainda de que a taxa de ocupação não deixou de decrescer a partir de Abril, e que a estada média desceu menos em Setembro, mês em que se manteve. Sobre a conferência de tecnologia e inovação Web Summit, que decorreu no início de Novembro em Lisboa, a responsável da AHP informou efeitos positivos para os hotéis da capital e também da área metropolitana de Lisboa, mas indicou que a capacidade não tem esgotado nesses dias.
in Jornal de Negócios online