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Polícias vigiam net à procura de réveillons ilegais

Ano novo Redes sociais vigiadas pelas polícias para evitar festas ilegais 
 
Há festas de réveillon privadas combinadas em grupos no Facebook e outras organizadas por coletividades e hotéis 
 
Nas redes sociais multiplicam-se os grupos de pessoas que querem comemorar a passagem de ano como se não estivessem no meio de uma pandemia. “Alugo salão tipo rural para festa privada no dia 31/12 e 1/1”, “Melhor passagem de ano de sempre em Braga. Só os verdadeiros bagaceiros e bagaceiras podem estar presentes” ou “Passagem de ano privada em Guimarães”... As coordenadas para perceber onde se realizam estas festas são escassas. É preciso ser convidado para um destes grupos fechados no Facebook ou enviar uma mensagem privada para poder ficar a saber todos os detalhes. 
 
Esta é a maior dificuldade da PSP e da GNR para tentar encontrar os locais onde vão ser realizadas estas festas ilegais que pretendem estender-se pela noite e madrugada do ano novo. “Para um investigador é difícil chegar até aos organizadores destas festas, porque aí funciona a lógica do passa-palavra”, conta uma fonte da PSP. 
 
Além das festas privadas, as autoridades também detetaram revéillons organizados por coletividades, onde se incluem músicos e até DJ, em Lisboa, Porto e Algarve. Nestes casos, os convites fazem-se nos espaços públicos nas redes sociais, o que facilita a sua deteção pela polícia. “Estamos a tentar dissuadir os promotores de realizar estes eventos, devido às restrições”, alerta a mesma fonte. 
 
Para o comissário Hugo Marado, da PSP do Algarve, as autoridades vão atuar “mais na reação”, o que não invalida a monitorização das redes sociais para tentar perceber onde se organizam as festas privadas. Também o capitão David Ferreira, da GNR, afirma que as patrulhas vão ser “ajustadas em função das informações recolhidas nas redes sociais, e não só”. 
 
Na última noite do ano, as forças de segurança vão apostar na visibilidade, em alguns casos de forma mais musculada. Nas ruas, poderão vir a estar centenas de operacionais com colete antibala e armas à vista. A tónica será, no entanto, sensibilizar os infratores para que regressem a casa sem uso da força. “Vamos ter atenção sobretudo aos bairros mais problemáticos, onde é habitual a realização de festas informais na rua e em casa. Mas as ordens são para dissuadir e só em último caso efetuar detenções”, diz uma fonte da PSP. 
 
Tanto na PSP como na GNR haverá uma aposta nas operações na estrada, que têm por objetivo impedir as viagens entre concelhos entre as 24h do dia 31 e as 5h do dia 4 de janeiro. Já o recolher obrigatório vigora nos dias 1, 2 e 3 entre as 13h e as 5h. 
 
Casas isoladas com mais reservas 
 
Impedidos de organizarem festas e com as restrições anunciadas, os hotéis sofreram uma vaga de cancelamentos na noite do réveillon, e também o alojamento local está com uma “procura pequena” face ao que é habitual em anos anteriores. “A procura para o fim de ano é muito baixa, e a pouca que existe é para propriedades mais isoladas, afastadas dos centros urbanos, no campo ou no interior”, adianta Eduardo Miranda, presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal. 
 
“Todos os operadores têm estado a evitar reservas de um só dia para o fim de ano”, refere Eduardo Miranda. “Pelas condicionantes às deslocações, é estranho haver reservas só de um dia, até pode indiciar as tais concentrações de pessoas que se juntam para fazerem festas.” O que se está a fazer são pacotes de três a quatro dias para famílias. 
 
Na noite de fim de ano (em que é proibido circular na via pública depois das 23h), os hotéis podem ter programas até depois da meia-noite, mas só para hóspedes e com limite de seis pessoas por mesa, mas têm de fechar os restaurantes às 22h30. Estão proibidas festas e pistas de dança, mas nada os impede de ter música ao vivo ou mesmo DJ. “Até se podem lançar foguetes fora de portas”, refere Cristina Siza Vieira, presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal, lembrando que os hotéis estão na sua maioria encerrados e as restrições aplicam-se “aos poucos que estão abertos”. 
 
As reservas que os hotéis têm são sobretudo para três a quatro noites, de casais ou famílias, por causa das restrições à circulação até à madrugada de 4 de janeiro, mas insuficientes para transformar a passagem de ano num ansiado balão de oxigénio, explica Cristina Siza Vieira: “O ano correu mal e acaba mal.” 

in Expresso, por Conceição Antunes e Hugo Franco

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