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A economia portuguesa não é sustentável sem o Turismo

O futuro continuará risonho num país que sabe bem receber mas há desafios a vencer a curto prazo. A acessibilidade aérea; a falta de recursos especializados; o Brexit e um quadro geopolítico mundial instável são algumas das ameaças.

Nos últimos anos o Turismo confirmou ser o setor mais pujante da economia nacional. Recebemos os mais ambicionados prémios, batemos recordes e impulsionámos o crescimento geral da economia. A par de sermos o principal setor exportador, responsável por 13,7% do PIB e 9,4% do emprego (CST 2017/INE), contamos também com o mercado interno, que cresceu e contribuiu para contrariar a sazonalidade e distribuir o Turismo por todo o território.

Prevemos que o futuro continue risonho e os 1,4 mil milhões de turistas internacionais que o Mundo registou em 2018 são o melhor testemunho de que o Turismo e as viagens são uma conquista irreversível.

Todavia, confrontamo-nos com um quadro macroeconómico e geopolítico que requer uma atenção especial.

A situação norte-americana e o crescimento do unilateralismo no panorama internacional geram grande incerteza quanto ao futuro das relações comerciais entre os povos. O Brexit perturba o mercado proveniente do Reino Unido, que tem um peso muito expressivo no Turismo nacional. Na Europa, focos de instabilidade ameaçam a solidez do projeto europeu, como o aparecimento de movimentos políticos extremistas, que ameaçam o maior pilar da UE: a liberdade de circulação de pessoas, em que assenta a nossa indústria da paz.

A nível nacional há também fatores que poderão ter um impacto muito significativo na atividade.

O setor tem de continuar a adaptar-se ao crescente aparecimento de novas formas de alojamento e o quadro legal dos estabelecimentos hoteleiros tem de ser claro, flexível e liberalizado. Só haverá condições para criar novas formas de alojamento, para o mix use, o co-living e multiplicidade de utilizações num edifício ou conjunto de edifícios se o Turismo trabalhar com o Urbanismo e Ordenamento do Território.

A acessibilidade aérea, da qual dependem cerca de 90% das chegadas de turistas, exige permanente monitorização. O esgotamento do aeroporto Humberto Delgado afeta todo o país, uma vez que é a principal porta de entrada em Portugal. Portela + Montijo vão permitir passar de 29 milhões passageiros/ano para 50 milhões, com um impacto em toda a economia nacional. No entanto, o ressurgimento dos destinos do Mediterrâneo, como a Turquia, a Tunísia e o Egipto, irão naturalmente afetar alguns mercados emissores de turistas para Portugal, o que nos obriga a uma maior agilidade e eficácia na promoção.

A escassez de recursos humanos na Hotelaria merece também uma reflexão séria por parte do poder político. Devem ser descongeladas vagas para trabalhadores estrangeiros e, para isso, é necessário um enquadramento legal, ágil, seguro e fiscalmente estável para trabalhadores e empresas. Paralelamente, é necessária uma maior promoção e qualificação das profissões ligadas ao Turismo. As pessoas fazem toda a diferença e o Turismo só prospera se tiver profissionais qualificados e justamente remunerados.

A economia portuguesa não é sustentável sem o Turismo. Portugal reúne as melhores condições para continuar a crescer e competir com os melhores players internacionais; empresários inovadores e bem preparados; um povo orgulhoso da sua história e património e um quadro político consciente de que o Turismo é essencial. Estão, por isso, reunidas as condições para que a nossa indústria dê o maior contributo para a afirmação de Portugal.

por Raul Martins, in EXAME

 

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