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Americanos compensam perda de turistas britânicos

O número de turistas oriundos do Reino Unido diminuiu em mais de 111 mil no ano passado.  
 
A quebra foi compensada pelo aumento de mais de 138 mil turistas vindos dos EUA. O crescimento do turismo travou a fundo em 2018, mas Governo destaca subida nas receitas.  

Há menos britânicos  
 
a procurarem Portugal como destino turístico. No ano passado foram menos 111.667 do que em 2017. Ainda assim, o número de turistas estrangeiros cresceu 0,4% no ano passado, o suficiente para atingir um novo máximo histórico nos 12,76 milhões.  
 
A subida de 20%, ou mais 138,5 mil, no número de turistas vindos dos Estados Unidos foi fundamental para que o mercado total apresentasse um incremento em 2018.  
 
Ainda assim, verificou-se uma travagem a fundo face ao registado nos anos anteriores. Em 2017 o número de turistas estrangeiros aumentou 12%. E em 2016 a subida tinha sido de 11,8%.  
 
Mas não foram apenas os britânicos a visitar menos Portugal. Entre os principais mercados emissores, também França e Alemanha, com quebras de 2% e de 3,8%, respetivamente, evoluíram de forma negativa Já Espanha, o segundo maior mercado para o turismo nacional, aumentou em quase 25 mil o número de visitantes, uma subida de 1,4%.  
 
A ganhar peso continua o Brasil. No ano passado Portugal recebeu mais 74,5 mil turistas brasileiros do que em 2017, para um total de 944.489, um máximo histórico.  
 
Ao Negócios, fonte oficial da Secretaria de Estado do Turismo destacou o número recorde de turistas e assinalou que estes valores excluem o alojamento local. "É importante notar que as receitas turísticas cresceram 10% (até novembro), o que significa que estamos a captar turistas que gastam mais e que deixam mais valor no território. Não somos um destino massificado mas um destino sofisticado", acrescentou.  
 
Quanto à quebra no turismo britânico, a mesma fonte salientou que as receitas aumentaram 8,6% e referiu que o Governo "vai lançar uma campanha especial de promoção no Reino Unido para acautelar o Brexit". A estratégia de diversificação de mercados está a ser conseguida, salientou a mesma fonte, com os quatro maiores países a pesarem 48,3%, quando em 2015 valiam 54,2% do total.  
 
Receitas de alojamento crescem a maior ritmo ;  
 
Apesar de também terem desacelerado, as receitas de alojamento, medidas pelo rendimento médio por quarto disponível (RevPAR), aumentaram 4,6% em 2018, para os 52,5 euros. Em 2017, contudo, o RevPAR tinha subido 16,2%.  
 
Neste indicador existem fortes diferenças geográficas. A Área Metropolitana de Lisboa apresentou um RevPAR de 78,3 euros, enquanto, por exemplo, na região Centro o valor foi de apenas 26,3 euros.  
 
Cristina Siza Vieira, presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), referiu ao Negócios que o RevPAR no segmento de hotéis, de acordo com os dados recolhidos pela associação, cresceu cerca de 5% no ano passado, para os 66 euros. Tendo o preço médio aumentado aproximadamente 7% nos hotéis. Já a taxa de ocupação recuou 1,3 pontos percentuais, para os 70%, acrescentou. ¦ Turismo está mais espalhado pelo país e menos dependente do verão  
 
Lisboa continua a ser a região com maior número de hóspedes, mas o Norte ultrapassou o Algarve. Já o peso dos meses de verão tem vindo a diminuir e em Lisboa "já não existe sazonalidade", segundo afirma a Associação da Hotelaria de Portugal.  
 
A Área Metropolitana de Lisboa (AML) continua a ser a região que capta maior número de turistas, nacionais e estrangeiros. No ano passado foram 6,27 milhões, o que corresponde a 29,8% do total de hóspedes em estabelecimentos turísticos, excluindo o alojamento local, segundo os dados divulgados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).  
 
A região da capital registou uma subida de 1,8% no ano passado, acima do crescimento de 1,7% no total do país. O Governo considera que "estamos claramente a alargar o turismo a todo o território", disse ao Negócios fonte oficial da Secretaria de Estado do Turismo. No entanto, quando comparado com 2010, o peso das regiões com menor expressão em número de hóspedes apresenta nos Açores um crescimento modesto de 2,6% para 2,9%, e mesmo uma descida, de 5,1% para 4,9%, no caso do Alentejo.  
 
Norte ultrapassa Algarve  
 
O ano passado é marcado pela ascensão do Norte a segunda região com maior procura turística, ultrapassando o Algarve. Com 4,3 milhões de hóspedes, o Norte representou 20,6% do mercado. Já o Algarve, com 4,2 milhões, pesou 20%.  
 
No ano passado, o número de hóspedes apenas diminuiu na região Centro e na Madeira.  
 
No caso do Centro, a descida de cinco mil hóspedes é justificada pelo facto de em 2017 o Papa Francisco ter visitado Fátima, o que levou a um forte aumento nos hóspedes daquela região nesse ano. Aliás, o Turismo Centro de Portugal, em comunicado, sublinha que os números do INE superaram as expectativas", destacando as dormidas de visitantes nacionais que subiram 5% e o aumento dos proveitos em sete milhões de euros.  
 
No que respeita à Madeira, a presidente-executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Cristina Siza Vieira, referiu ao Negócios que a região sofreu bastante devido ao transporte aéreo no ano passado. Verão cada vez menos "rei"  
 
O impacto do verão no turismo em Portugal tem vindo a diminuir. Isso é o que demonstram os números do INE e é sublinhado pelo Governo.  
 
Também a AHP considera que a sazonalidade está mais atenuada  
 
Comparando o peso dos diferentes meses no número de hóspedes em 2013 e 2018 verifica-se que junho, julho, agosto e setembro perderam importância  
 
No Algarve, o mês de agosto representava um sexto dos hóspedes em 2013, agora vale 14,6%. Também junho e julho perderam peso naquela região.  
 
"A taxa de sazonalidade atingiu em 2018 o valor mais baixo de sempre: 35%", frisou ao Negócios fonte da Secretaria de Estado liderada por Ana Mendes Godinho. A taxa de sazonalidade avalia o peso dos meses de maior procura (julho, agosto e setembro) no total anual em termos de dormidas. Cristina Siza Vieira, da AHP, também referiu ao Negócios que "desde 2016 a sazonalidade tem decrescido". E, acrescentou, "em Lisboa neste momento já não existe sazonalidade". Enacapitaljásenotaoefeitodo Web Summit: desde 2016, primeiro ano em que o evento se realizou na capital, o peso de novembro no total de hóspedes subiu de 6,7% (2015) para 7,3% (2018).

in Jornal de Negócios, por Pedro Curvelo

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