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Hoteleiros sobem salários para atrair trabalhadores mais qualificados

Com as receitas do turismo a bater recordes atrás de recordes, os hoteleiros querem demarcar-se do rótulo da "precariedade" para atrair quadros mais qualificados, agora que está a começar a época de verão das contratações. O salário médio, assumem os empresários ouvidos pelo DN/Dinheiro Vivo, tem vindo a subir. "Mais do que injusto, é falso dizer que há precariedade na hotelaria", garante Raul Martins, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal e administrador do Altis, em declarações ao DN/Dinheiro Vivo. A associação - que tem cerca de 600 associados, que, entre grandes e pequenas unidades, representam mais de 60% do contributo da hotelaria para a economia nacional -, ainda está a completar um estudo para perceber exatamente quais os valores pagos pelos hotéis aos trabalhadores, mas números preliminares mostram já que está acima do salário médio pago em Portugal. Isto é, acima dos 900 euros. Nos hotéis de cinco estrelas, pagam-se já salários entre l000 e 1100 euros.  
 
As remunerações têm vindo a subir, à medida que também cresce a qualificação dos trabalhadores, em grande parte devido às muitas escolas de hotelaria que surgiram nos últimos anos. "Temos hotéis de cinco estrelas na média de 1000-1100 euros e nos de quatro estrelas os valores são de 900-1000 euros", revelou Raul Martins, à margem da BTL.  
 
Estas remunerações estão longe dos 614 euros que o INE apurou como rendimento salarial médio líquido dos trabalhadores do alojamento, restauração e similares. Raul Martins lembra que "não se tem no INE um valor desagregado da hotelaria, o que baixa a média. Na hotelaria temos funções de receção, comerciais, financeiros, contabilidades e cargos de chefia... Estamos a tentar completar uma análise a três anos, a revelar em breve, para aferir a realidade dos salários". "Podemos dizer que o salário continua baixo, mas tem aumentado bastante. Dizer que uma pessoa com 900 euros orienta a sua vida sozinha, não é fácil, especialmente se viver numa grande cidade como Lisboa, mas há dois ou três anos, este valor era menor", detalhou ao DN/Dinheiro Vivo, José Theotónio, CEO do Grupo Pestana. No maior hoteleiro nacional, "os salários médios subiram cerca de 11% entre 2013 e 2016". Além disso, há uma distribuição dos lucros pelos trabalhadores, que chega como prémio de final de ano.  
 
No Vila Galé, explica Gonçalo Rebelo de Almeida, a média salarial está influenciada pelo número de trabalhadores de função mais básica, que representam 90% dos trabalhadores. "Quando a ocupação cresce, o que eu preciso é de reforçar a limpeza de quartos, pessoal que sirva refeições, não tenho necessidade de mais diretores de hotel. Não preciso de contratar mais quadros superiores só porque tenho o hotel mais cheio. Se tiver mais trabalhadores de base e os mesmos cargos de direção, a média erradamente parece mais baixa. Mas estou a pagar mais."  
 
O vínculo precário e a perceção de que se pagam baixos salários chega, segundo os empresários, a afastar potenciais candidatos a emprego nos hotéis, mesmo numa altura em que o turismo está na boca do mundo, com um crescente número de turistas e receitas. Com falta de mão-de-obra especializada, alguns grupos estão mesmo a antecipar em alguns meses as contratações de pessoal - se os reforços de verão eram fechados entre março e abril; este ano os processos arrancaram já em fevereiro.  

in Diário de Notícias por Ana Margarida Pinheiro

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