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Hotéis querem ver apoios sólidos à fatura elétrica no Orçamento do Estado

Os custos de gás e eletricidade “são extremamente elevados num hotel” pelo que são fundamentais apoios consistentes no Orçamento de Estado do próximo ano para o sector poder lidar com os aumentos de custos, frisa Bernardo Trindade, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP)

O debate na especialidade do Orçamento de Estado para 2023 será o mais relevante para o sector do turismo, mas os hotéis expressam desde já ser fundamental que o Orçamento do Estado (OE) contenha apoios consistentes aos aumentos de gás e de eletricidade, num cenário em que a guerra na Ucrânia se poderá prolongar.

“A fatura elétrica num hotel é extremamente elevada, e o sector precisa de ser apoiado nesse sentido", frisa Bernardo Trindade, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), em declarações ao Expresso.

“Não podemos esquecer que os anos de 2020 e 2021 foram trágicos para o turismo, obrigaram a parar a atividade, e os balanços das empresas ainda traduzem o impacto que tudo isso teve”, nota o responsável da associação hoteleira, defendendo ser “fundamental que o OE 2023 contenha medidas que mitiguem esse efeito. As empresas de turismo no país são maioritariamente de pequena dimensão, têm estruturas frágeis de capital, e precisamos de ter instrumentos que ajudem a capitalizar as empresas para terem balanços mais fortes e serem capazes de enfrentar crises”.

Aumentam as receitas, mas também os custos

“Portugal vai liderar o crescimento na União Europeia em 2022, muito em resultado do sector do turismo”, lembra Bernardo Trindade, frisando que Portugal conseguiu conquistar a “confiança dos turistas”, o que se traduziu num aumento de receitas, a níveis que ultrapassaram o ano pré-pandemia. As projeções indicam que o turismo atinja no final do ano receitas de 20 mil milhões de euros, acima dos 19 mil milhões obtidos em 2019.

“Contudo, há um aspeto que não contribui para a criação de valor no turismo, pois há um conjunto de custos de produção que ficaram mais caros, falando sobretudo no gás, mas também na área alimentar e em geral em todos os serviços que estão disponíveis nos hotéis. Só no fim do ano é que percebemos se este aumento de receita teve correspondência ao nível dos resultados das empresas”, destaca o presidente da associação hoteleira.

“Temos a convicção que 2022 está a ser um ano de forte recuperação em todo o país, e mais rápido do que se esperava, conseguimos recuperar a confiança dos turistas com a manutenção dos níveis de hóspedes e de dormidas de 2019, e até estamos a vender melhor, a praticar preços médios mais elevados, o que permite de alguma forma repercutir no cliente o aumento de custos que estamos a sentir”, faz notar o responsável da AHP.

Em relação a 2023, “temos de assumir prudência nas previsões, porque neste momento há um conjunto de fatores que não dominamos, apesar do interesse por Portugal ser manifesto e encorajador”, constata Bernardo Trindade, sublinhando que “a guerra na Ucrânia não impacta só a nível de custos de produção, mas sobretudo na insegurança que daqui pode resultar e no receio a nível de previsão de viagens”.

Esforço “grande” do turismo no aumento de salários

Bernardo Trindade enfatiza ainda que “olhando o acordo de rendimento e salários que foi concretizado, um aspeto político relevante é que estas negociações aconteceram não na Assembleia da República, mas em sede de Concertação Social, com os patrões e os sindicatos, o que é muito importante porque aproxima as posições e as agendas de cada um dos sectores”.

De que forma o novo acordo de rendimento, salários e competitividade poderá ajudar a suprir a atual falta de pessoal no turismo? O presidente da associação hoteleira destaca como aspetos positivos do acordo a medida que permite aumento de majoração à coleta para quem faz o esforço de aumento de remunerações, além de “se valorizar quem investe, mais que uma redução transversal da taxa de IRC”. Mas frisa que “o emprego em Portugal está em níveis históricos e o turismo perdeu 45 mil pessoas desde 2019”.

“Já está a ser feito um esforço grande do turismo no aumento das remunerações”, garante o responsável da AHP, concluindo que “o salário é importante para atrair trabalhadores ao turismo, mas há outras questões, nomeadamente a nível de horários e compatibilização com uma vida pessoal, sempre tendo em conta que uma unidade hoteleira não é uma repartição pública”.

in Expresso, por Conceição Antunes

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