Cristiano Ronaldo vale mais do que 50 destinos turísticos
A mudança do nome do Aeroporto Internacional do Funchal para Aeroporto Cristiano Ronaldo, na Madeira, visa colher notoriedade a partir da imagem do valioso jogador de futebol, mas é um risco imprevisível para o turismo, alerta a consultora PwC (Price). Sozinho, o jogador vale mais do que as marcas dos 50 destinos turísticos mais valiosos.
"O mais importante na conceção de uma marca é a consistência, além da identificação com o produto", analisou César Gonçalves, partner na PwC, durante a 11." Conferência de Turismo, organizada pela Secretaria Regional da Ordem dos Economistas, no Funchal. "O risco de Cristiano Ronaldo representar a Madeira está no que sucederá se surgir algum escândalo associado à pessoa (ultimamente não têm faltado escândalos com diversas personalidades) que prejudique o destino de forma imprevisível", adiantou o especialista.
Dedicada ao tema "Marcas", a conferência pretendeu "refletir sobre a marca ou marcas que devemos construir e manter - de forma consistente, tal como Espanha tem feito desde 1983 - para afirmar os destinos portugueses, enquanto o turismo corre bem, porque quando correr mal já é tarde", explicou André Barreto, presidente do Secretariado Regional da Ordem dos Economistas.
"Se a Madeira corresse risco por chamar Cristiano Ronaldo ao aeroporto, então as marcas que
apostaram nele para representar os seus produtos [Nike, Empório Armani, Samsung, etc] não arriscavam", considerou Hélder Pombinho, diretor criativo da Young&Rubicam.
Avaliada em quase 100 milhões de euros, de acordo com a PwC, a marca Cristiano Ronaldo vale mais do que os 50 destinos turísticos mais valiosos do Mundo (65 milhões de euros). Mas será que a marca do futebolista pode contribuir para o aumento do turismo? "Claro que sim", defendeu Carlos Coelho, CEO da empresa de criação e gestão de marcas Ivity.
"Devemos apelar e defender a nossa identidade. A Madeira foi o berço do turismo português. Fomos os navegadores que descobriram o Mundo. Hoje, o Cristiano Ronaldo também é uma espécie de navegador moderno", sustentou.
"Na nossa opinião, não, porque os valores associados à Madeira, no estudo que realizámos, são a segurança, a amabilidade e o clima, mas falta construir uma marca Madeira que tenha notoriedade e consistência no tempo para se afirmar", rematou Gonçalo Saraiva Mendes, diretor da PwC, responsável pela análise à marca Madeira apresentada na conferência.
Chegar a acordo sobre a marca que o turismo deve construir e manter para garantir a sustentabilidade no futuro não será tarefa fácil. Confirmado está, apenas, o sucesso do busto do jogador de futebol no Aeroporto. Formam-se filas para tirar selfies e há quem pergunte quanto se paga para fazê-lo.
in Jornal de Notícias, por Erika Nunes