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A Hotelaria ao serviço da comunidade

O Programa HOSPES já doou 48 mil bens a 44 instituições em cinco anos.  
 
A cerimónia de entrega dos selos We Care e We Share aconteceu no mês pasado.  
 
O QUE COMEÇOU como uma iniciativa comemorativa e escalou, quase de imediato, para um programa de responsabilidade social, tal foi a procura e resposta por parte de instituições e hotéis. Foi desta forma que nasceu o Programa HOSPES - Programa Corporativo de Responsabilidade Social e Sustentabilidade Ambiental, desenvolvido pela AHP e que em cinco anos já doou 48 mil bens a 44 instituições, num valor a rondar os 800 mil euros. O custo de substituição destes bens por novos está estimado em cerca de 3,2 milhões de euros.  
 
Cristina Siza Vieira, directora executiva da Associação da Hotelaria de Portugal, refere que esta questão dos cincos anos é muito "simbólica" e explica a génese do programa: "Temos raízes de há cem anos, cem anos de espírito de associativo e não da associação, e quando pensámos nisto foi num projecto simbólico, com a ideia de associar os hotéis a esta comemoração e àquilo que é uma actividade corrente, que são as renovações periódicas dos equipamentos e bens dos hotéis e doá-los." O País estava em crise e a iniciativa fazia todo o sentido. Foi pensada em 2012 e lançada em 2013. O primeiro ano foi, desde logo. "simpático, houve alguns hotéis que se envolveram e doaram, através da AHP, 808 bens a quatro instituições", conta Cristina Siza Vieira, revelando que as doações começaram por ser colchões (aliás, o mote da primeira campanha) e, "depois, veio o resto": camas, roupa de cama, cutelaria, mobiliário diverso, equipamentos electrónicos. "Em 2014, isto começou a ganhar outra escala e ritmo e percebemos que não era só um projecto, que faz sentido em contínuo. Não é só uma questão de crise económica, aliás, as doações têm crescido muito mais fora desse contexto, e, em 2015, o projecto ganhou o impulso de ser apadrinhado pelo professor Marcelo Rebelo de Sousa, que enalteceu o trabalho em rede e em conjunto", diz a responsável.  
 
Cristina Siza Vieira resume precisamente este trabalho em rede: "Os hotéis sinalizam que vão disponibilizar bens e equipamentos de variada índole e que estão disponíveis para os doar, em vez da retoma e reciclagem ou revenda dos mesmos. Nós, neste momento, temos protocoladas 44 associações, já não são só IPSS, e cruzamos as necessidades. O estar em rede permitiu chegar onde é mais necessário.  
 
Por exemplo, que bens de Vila Real de Santo António chegassem aos Bombeiros de Viseu ou que fossem doados milhares de bens a Castanheira de Pera."  
 
O ano passado bateu o recorde de doações e levou a que a associação convertesse o nome do projecto para Programa HOSPES e na existência de dois selos: We Care e We Share, que representam o reconhecimento de que os hotéis trabalham nesta rede, com a distinção entre a componente ambiental e a social.  
 
A AHP acredita no crescimento deste programa, tendo em conta o parque hoteleiro português e o potencial existente, e destaca, ainda, o impacto económico do HOSPES, quer através da economia circular e consequentes mais-valias ambientais, quer através do investimento em novos bens por parte da hotelaria.  
 
No que concerne a preocupação ambiental, a AHP desenvolveu, também, o Prémio Electrão by AHP, que, em parceria com a AMB3E - Associação Portuguesa de Gestão de Resíduos, visa recolher, para tratamento e valorização, resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos (REEE) e resíduos de pilhas e acumuladores (RPA). Por cada tonelada de equipamento recolhido, a AMB3E doa 100 euros a uma instituição de solidariedade social assinalada pela associação. Entre Abril a Dezembro de 2017, foram entregues por 19 dos hotéis aderentes ao projecto (até à data 60 aderentes), perto de seis mil quilos em equipamentos e entregues 600 euros ao Instituto da Imaculada para Pessoas com Necessidades Especiais.  
 
Instituições  
 
A lista de instituições apoiadas pelo HOSPES, actualmente, chega às 44 entidades, algumas das quais ligadas ao Governo, através dos seus ministérios, como é o caso do IPO – Instiuto Português de Oncologia e da Direcção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais. O impacto no dia-a-dia destas entidades é inegável, facilitando as mesmas a possibilitar uma vida condigna aos seus beneficiários.  
 
Rogério Rodrigo Canhões, director do Centro Educativo Navarro de Paiva, da Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, começa por dizer que o protocolo com a AHP foi celebrado em Abril de 2016, "porém, desde finais de 2015 que começámos a receber bens". "Os primeiros eram provenientes do antigo Hotel Altis das Olaias e do Hotel Açores Lisboa."  
 
Até hoje, este centro educativo já recebeu "imensos e diversos" bens, desde cadeiras e camas, a roupa de cama de cama, televisões e candeeiros, entre outros.  
 
Segundo Rogério Rodrigo Canhões, "o impacto inicial [do programa] foi enorme, pois conseguimos equipar as salas de estar de uma das unidades residenciais com os sofás, colocar cortinados coloridos em salas e outros locais até aí menos interessantes e, assim, dignificar os espaços vividos no dia-a-dia pelos jovens em internamento". Uma situação que se repetiu "noutros Centros Educativos do País e em alguns dos Estabelecimentos Prisionais, funcionando como forma de fazer face à ausência de alguns dos bens e melhorando a qualidade do já existente, contribuindo para uma situação de bem-estar, algo tão importante nestas instituições". 


Já a União das Misericórdias Portuguesas associou-se ao programa desde o início, em 2013, e "os bens até agora recebidos vão desde mobiliário a material têxtil, tudo o que diz respeito a bens de hotéis", resume Natália Gaspar, responsável da Turicórdia, segundo a qual o HOSPES é de um impacto "enorme porque as instituições de economia social, como as Misericórdias, vivem no limite da sustentabilidade para cooperar com as políticas sociais do Estado. Ora estes bens são apoios importantes para essa sustentabilidade. Cada cêntimo que podemos poupar neste tipo de bens é um cêntimo a mais para ajudar mais pessoas".  
 
A CRESCER também integra a lista intermediada pela AHP desde 2013, com o projecto É UMA CASA- Lisboa Housing First e o projecto É UMA VIDA, este desde 2016.  
 
O projeto É UMA CASA-Lisboa Housing First pretende contribuir para a erradicação das situações crónicas de sem abrigo da cidade de Lisboa, enquanto o projecto É UMA VIDA apoia os requerentes de asilo que chegam a Lisboa ao abrigo do PMAR LX (programa europeu de recolocação). O âmbito destes projectos pressupõe "alugar habitações no mercado de arrendamento livre e mobilá-las de forma digna" e é aqui que entram os bens doados pelos hotéis, que a CRESCER considera "essenciais". "As doações são sempre de bens de excelente qualidade e em excelentes condições", frisa Rita Pereira Marques, psicóloga clínica da associação.  
 
Já o IPO Lisboa integra os HOSPES desde 2017, refere Paula Rodrigues, responsável pela gestão hoteleira: "Apesar do pouco tempo de colaboração, o impacto foi muito positivo. Os sofás e as mesas de cabeceira que recebemos permitiram melhorar as condições de conforto dos doentes e familiares que ficam alojados no Lar de Doentes do IPO", que oferece alojamento e alimentação "a doentes mais desfavorecidos que residam fora de Lisboa e necessitam de fazer tratamentos prolongados". O lar tem quatro pisos, 54 quartos, 114 camas e, em 2017, alojou 625 doentes (157 dos quais com acompanhante), o correspondente a 23.385 diárias.  
 
"Consideramos extremamente importante a existência deste tipo de programas e do Programa HOSPES em concreto, na medida em que, além de fomentar a responsabilidade social do sector empresarial, tem também uma vertente de sustentabilidade ambiental, contribuído para que as empresas se assumam como parceiras de entidades do sector público e social que prestam serviços relevantes à população, designadamente na área da saúde e solidariedade social, através da redistribuição de recursos muitas vezes difíceis de obter devido a constrangimentos de carácter orçamental", diz Paula Rodrigues, manifestando a vontade do IPO em "voltar a beneficiar" do programa.  
 
Os hotéis  
 
Eric Viale, area general manager do IHG para Portugal, justifica a associação ao HOSPES com o facto de que "a sustentabilidade e a responsabilidade social integram as nossas políticas de gestão e, por isso, as preocupações sociais e ambientais têm uma elevada influência nos processos de decisão. É uma forma de gestão estratégica e um compromisso permanente por parte da IHG e dos hotéis InterContinental Lisbon e InterContinental Estoril".  
 
"Aderir ao Programa HOSPES é ver reforçado este nosso compromisso social e ambiental, por via da promoção organizada das nossas boas práticas", adianta Eric Viale, explicando que, "primeiramente, o InterContinental Lisbon integra o projecto de responsabilidade social 'We Share', que desenvolve inúmeras campanhas com o objectivo de ajudar diferentes entidades na cidade e no País".  
 
Razão pela qual as doações acabam por ser bastante distintas. Anteriormente, os hotéis InterContinental Lisbon e InterContinental Estoril "optavam por vender ou doar os bens, sendo que a maioria dos mesmos seguia este segundo caminho".  
 
José Seabra Marto, do Hotel Marquês de Pombal e Hotel Roma, acredita que este programa "permitiu a ambas as unidades contactar com instituições que realmente necessitam dos artigos que nos dispomos a ceder". "Através da articulação com a AHP consegue-se criar maior relevância na redistribuição desses mesmos bens e participar com maior impacto na satisfação das organizações que acolhem os produtos", diz o administrador, para quem "há muitos produtos e bens em unidades hoteleiras que representam custos de armazenamento, transporte e tratamento quando são repostos. Estes artigos, com inequívoca qualidade e perenes no tempo, acrescentam valor a associações e organizações pela utilização subjacente e derivado do facto de terem uma vida útil alargada para além dos fins comerciais da hotelaria".  
 
Por sua vez, Maria Júlia Valente-Rodrigues, administradora dos hotéis Altis, revela que o grupo se associou à AHP desde o primeiro momento, "no programa 'Um Colchão, um Coração', portanto aderir ao Hospes foi um passo natural". "Temos plena Confiança na marca AHP e desde sempre assumirmos um compromisso de responsabilidade social e ambiental nos hotéis Altis", salienta a responsável.  
 
Todo o material doado é sujeito a uma "criteriosa" avaliação, sendo, depois, "quantificados, fotografados e a informação é enviada para a AHP que estar em contacto com as associações".  
 
"A responsabilidade social e ambiental está no ADN da nossa empresa desde o seu início e é com grande gosto que nos associamos à AHP, de forma a fortalecer estes princípios e criar condições de fazer chegar estes apoios a quem mais necessita, a nível nacional, numa distribuição mais rápida e equitativa", conclui.  

in Publituris Hotelaria, por Patrícia Afonso

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